Ufologia era seu tema preferido. Debruçava-se sobre os
livros e pesquisas de grandes estudiosos e observadores do fenômeno OVNI. Era
querida por muitos, simpática e bem humorada com todos. Apesar de bem jovem, já
tinha se formado em Agroecologia e agora buscava pôr em prática os vários
conhecimentos aprendidos até então. Nem mesmo lhe passava pela cabeça continuar
na vida acadêmica. Achava um porre ter que aguentar aqueles professores
arrogantes querendo comercializar educação, se aproveitando de seus alunos
bolsistas, que muitas vezes tinha que pagar pau para seus “superiores” para
terem alguma chance nessa tal vida acadêmica, que era mais um espelho da nossa
sociedade capitalista e de classes, do que um modelo de sociedade utópica.
Nesse emaranhado de temas alternativos, Vanessa foi criando
amizades e evoluindo. Percebia que
haviam varias meninas de sua idade que mesmo querendo evoluir, não conseguiam
se desvencilhar das amarras da civilização, do modelo de sistema que nos foi
imposto, da educação padronizada, que muitas vezes não se ajustam a nossa
maneira de viver e sim à forma que “eles”
querem que sejamos educados, da situação, que apesar de cômoda, é
terrível. Ela se compadecia, conversava,
e tentava ajudar, muitas vezes em vão.
Dentre outras leituras que fazia, ela resolveu se aprofundar
nos ensinamentos do Mestre Gaia. Ele propagava uma mistura de ensinamentos que
mesclava astrologia e teorias sobre energia cósmica e energização de pessoas. Mestre Gaia era uma personalidade conhecida, era
respeitado no meio místico brasileiro. Vestia-se como uma espécie de guru,
padre ou coisa parecida. Falava manso, com discursos cheios de argumentação,
palavras eruditas.
Vanessa soube do encontro que haveria em uma comunidade
alternativa, e durante aquele feriado, haveria confraternização entre místicos,
inclusive com a presença ilustre do Mestre Gaia. Ela estava ansiosa para aquele
acampamento, convidou amigas e amigos, e fez propaganda com dedicação.
Tudo ocorreu maravilhosamente, refeições vegetarianas
deliciosas foram degustadas na companhia de pessoas livres e interessantes,
cheias de amor e simpatia pelo próximo. Conversas agradáveis faziam parte do
cotidiano daquela reunião, e muitos
assuntos profundos foram discutidos para evolução de todos presentes. Terapias
naturais e alternativas eram praticadas nesses dias. Reiki, fitoterapia, rapé,
temaskal entre outros tratamentos foram utilizados para o bem estar dos
presentes.
De noite haviam encontros na sauna, onde haviam cânticos e
massagem coletiva, tudo de maneira pura e iluminada, até que alguns casais
resolveram esquentar ainda mais a sauna com chamegos e carícias. A sauna tinha
arquitetura diferenciada, era uma bioconstrução, e haviam como umas bancadas
que davam uma certa privacidade para quem frequentava o local. Assim, umas das
poucas pessoas que visualizou esses casais foi Vanessa, que muito sagaz, sentiu
o clima, que a princípio somente maximizava as expressões de amor entre as
pessoas.
Naquele mesmo encontro na sauna, depois da sessão de
massagem coletiva, Vanessa saiu para banhar-se no rio e sentiu algo gelatinoso
nas suas nádegas, deveria ser babosa pensou. Mas não. Era sêmen. E de quem
seria? O único homem que chegou perto dela foi o grande Mestre Gaia, que lhe
fez uma bela massagem com amor. Confusa
concluiu: aquilo era a porra do mestre! E depois conversando com outras
mulheres do acampamento, descobriu que ela não tinha sido a primeira vítima do
mestre. Juntas, foram protestar contra o mestre, que com vergonha, pediu
desculpas.
Estranha mania do Mestre Gaia, esporrar em suas alunas na
bunda no escuro da sauna, sem consentimento delas. Ah, esse Mestre só podia
estar de gozação! E que gozação!