sábado, 10 de dezembro de 2011

Tristes Trópicos

Tristes Trópicos é um best seller do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, uma narrativa de viagem, juntamente com análises sob a luz de sua antropologia estrutural. Esse compêndio de aproximadamente quinhentas páginas traz a trajetória de Lévi-Strauss desde o início de sua vida acadêmica na Europa e sua vinda pra o Brasil na década de 1930. Ele foi chamado pra trabalhar como professor e etnógrafo na USP (Universidade de São Paulo), onde ajudou a fundar a Antropologia.
Em seu livro, Lévi-Strauss fala sobre suas viagens pelas antilhas, das dificuldades de realizar uma viagem internacional de navio, nas curiosidades desse novo mundo que ele descobria.

Ele não gostou da Baía de Guanabara, como diz também a música de Caetano Veloso. Mas gostou muito de São Paulo, tanto da capital como seu interior.

Nas férias de professor universitário ele decide fazer etnografia com tribos indígenas. Ele começa pelo Paraná, com os Cadiueu, índios bonitos, com a característica marcante de pinturas faciais elaboradas. Os cadiueu ocupavam uma área q ia do norte do Paraná ao sul do hoje Mato Grosso do Sul. Os detalhes das viagens à cavalo, das refeições, das conversas com os caboclos ajudantes, as caravanas com carros de boi, andando por picadas que não passavam carros nem caminhões, tudo isso caracteriza a aventura magnífica daquele trabalho de campo.

Seguindo os caminhos de Marechal Rondon, ele vai para o hoje estado de Mato Grosso onde permanece alguns dias entre os Bororo, sempre analisando a família indígena, a organização tribal, as cerimônias religiosas, as artes e utensílios, alimentos, etc. Suas análises sempre trazem comparação da América com a Europa, já que possui como referência sua terra natal.

Ainda no sertão conhece os índios Nambiquaras. Essa tribo é muito interessante pois das etnias estudadas era a mais desapegada dos bens materiais, e ao mesmo tempo mais vulnerável àquela civilização que ja os estava cercando. Eram andarilhos e viviam de comer insetos nos tempos de seca. Muitas vezes não tinham casa para dormir e se contentavam em dormir pelo chão mesmo, na terra, pois nem da esteira de palha faziam questão. Entre os Nambiquaras ele relata casos de folguedos entre os índios.

Já na amazônia, em Rondônia, ele conhece os Tupi-Cavaíba, relata o caso de dois irmãos que revezavam a jovem esposa, enquanto que o chefe da tribo tinha duas esposas. Engraçado a experiência entre o antropólogo e a a Lucinda, a macaquinha que adotou Lévi-Strauss e não desgrudava de sua perna.

Com um linguajar às vezes simples, às vezes complexo, às vezes poético, Lévi-Strauss nos faz sentir como se estivéssemos ali naquela hora, no Brasil da década de 1930, buscando registrar tudo que se passava naqueles povos que em menos de um século sofreriam um massacre cultural em que muitos não suportariam.

Obrigado.

Dom

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