Quando se estuda
religiões primitivas, percebe-se que a simplicidade facilita a
compreensão das formas elementares da vida religiosa. Émile
Durkheim dedicou um livro somente para esse assunto, e entre outros
sociólogos e filósofos, trouxe uma lógica bem interessante sobre
as religiões.
Dentre as instituições
que formam a cultura humana se encontra a religião. Crer é
individual, porém realizar cerimônias públicas, criar vínculo com
a rotina do grupo, é totalmente de caráter social. A religião é
uma importante peça da sociedade humana e está interligada à
outras instituições de homens.
O naturismo e o
animismo são as duas religiões mais simples que existem. A partir
delas que surgiram outras religiões, que foram se misturando e se
tornando complexas.
O naturismo é culto à
natureza, a divinização dos animais, das plantas, da água, da
terra, do sol, da lua, dos ventos, das chuvas, etc. Nada mais lógico
que dar uma extrema importância para esses elementos de que depende
a vida humana. O sol faz brotar a planta que dá seu fruto para nos
alimentar, a chuva a faz crescer, a lua influencia a pesca e as
marés, a água pura nos mata a sede.
Existe algo mais
amedrontador que uma tempestade ou terremotos, maremotos?
Essa dependência e
temerosidade explica porquê o naturismo ainda é cultuado por muitas
pessoas.
No naturismo não se
distingue ao certo o profano do sagrado, o que torna mais óbvio que
a junção dos dois é que constrói o todo, que deve haver o
equilíbrio, que a morte é só o outro lado da moeda da vida.
O respeito pela
natureza e o contato íntimo com ela nos abre os olhos para a vida e
para nós mesmos.
O animismo é a crença
em seres espirituais, almas, demônios, divindades propriamente
ditas, agentes animados e que possuem consciência como o homem mas
que se diferenciam pela natureza corpórea e dos poderes. Esses
espíritos geralmente não são perceptíveis aos olhos humanos.
A alma não é um
espírito. Não é objeto de culto. O animismo diz que a alma do
homem tem vida própria, que ela pode sair do corpo e divagar sem a
ajuda do corpo animal. Essa ideia surgiu pelas experiências vívidas
que se têm ao sonhar. Acredita-se que os sonhos são experiências
reais e que o “duplo”, o “outro eu” que é a alma, realmente
esteve naqueles lugares e viveu aquela situação.
O culto às almas dos
mortos só se dá posteriormente, e configura outra religião.
Quando nosso estudo se
concentra no início das religiões, percebemos melhor como a
fantasia trabalha na mente humana e a leva a se adaptar conforme a
sua realidade. Mesmo a ciência como a entendemos hoje, é uma
religião. Uma linguagem, uma forma de explicar as coisas desse
planeta, da nossa vida. A caminhada continua, porque muita coisa
ainda não deixou de ser mistério.