domingo, 20 de outubro de 2013

A Justiça e a punição

O filósofo Platão, que viveu no século IV a.C na Grécia antiga, era contra qualquer tipo de justiça que estivesse estruturada sobre uma paixão. Para ele a razão deveria nortear as formas de se fazer justiça, assim como orientar o comportamento do homem. Platão era contra a maneira como os sofistas agiam; eles eram pagos para utilizar seus dotes de oratória para favorecer interesses privados na democracia ateniense, onde essa técnica era bem aceita. Em um diálogo entre seu professor Sócrates e Glauco (irmão de Platão), entre outras pessoas presentes, Glauco disse que a justiça somente é praticada, porque as pessoas tem medo do castigo, se forem consideradas injustas.
Na atualidade, onde o capitalismo de consumo desenfreado incentiva o individualismo, o pensar em sí vem em primeiro lugar; para muitas pessoas é o pensamento reinante. Dessa forma o raciocínio é fazer o que mais traga vantagem para o indivíduo. Para muitos, as paixões falam mais alto que a razão, e não poderia ser diferente com relação à justiça, ao bem comum. Poucos são os que levam em consideração a sociedade, que negam suas paixões em favor do grupo.
O mito do Anel de Giges, narrado por Glauco no mesmo episódio do diálogo com Sócrates, conta sobre um homem que na posse de um anel, encontrado na mão de um homem morto no deserto, poderia se tornar invisível aos outros homens quando o mexesse. Sendo assim, o mais rápido que pode, ele seduziu a rainha, confabulou com ela, atacou e matou o rei, tomando-lhe o trono. Para provar sua tese, Glauco citou que nenhum homem justo deixaria de trazer benefícios para sí possuindo essa condição de superpoder. Glauco finaliza com sua máxima de que o homem só pode ser justo por imposição, já que a injustiça traz mais vantagens para o indivíduo (quando não há punição).
O filósofo inglês Thomas Hobbes, que viveu no século XVII, preocupado em ser realista na sua teoria política, desmentiu Aristóteles, dizendo que não somos animais políticos. Afirmou que a natureza humana é belicosa, que o Estado é criação do homem e é artificial, e que a autoridade do governante é consequência do pacto social que é feito entre os homens. Esse pacto é realizado no intuito de se viver em harmonia e paz na sociedade. Hobbes cita que o Estado serve para reprimir e conter as paixões dos homens, já que a noção de bom e de ruim é subjetiva. O pensador reitera que estando os homens em estado de natureza (fora da sociedade), existiria uma guerra constante de todos contra todos, onde todos viveriam em igualdade, disputandoas mesmas coisas, sem regras, sem uma justiça comum, mantendo sempre desconfiança um do outro.
Hobbes acreditava que as paixões influenciam e muito as pessoas no estado civil, principalmente o medo da morte e a esperança em uma vida confortável. Inclusive ele cita que o pacto social precisa da "espada" para poder ser respeitado. Hobbes assim como Glauco acreditam que a justiça deve ser imposta aos seres humanos, para que funcione. É o interesse individual, ou seja, o medo da punição, trabalhando em prol da coletividade, que seria a justiça.

sábado, 12 de outubro de 2013

Solidariedade entre os homens por Durkheim

Na obra "Da divisão do trabalho social", Durkheim diz que a sociabilidade depende da divisão do trabalho como função e que é através dela que as pessoas se integram a grupos de outras pessoas e desenvolvem o sentimento de solidariedade mútuo. Para comprovar isso, o autor compara e classifica vários tipos de solidariedades existentes.

Durkheim cria dois segmentos da solidariedade: a solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. A solidariedade mecânica une as pessoas com a sociedade, une pela igualdade entre os indivíduos, igualdade em sentimentos e coerência entre si nas crenças e tradições. Ela ocorre em sociedades tradicionais, onde o grupo é pequeno e igualitário. A solidariedade orgânica é mais simples, pois nela a consciência coletiva é um elemento que faz parte da divisão do trabalho. Nela cada indivíduo exerce uma função na sociedade, como num organismo (influência naturalista e biológica) onde cada um integra o todo. O consenso entre todos os indivíduos é a sobrevivência da sociedade. A solidariedade orgânica ocorre em sociedades modernas, complexas.

Na transição da solidariedade mecânica para a orgânica é que surge a consciência individual.

Se não ocorrer a evolução da solidariedade mecânica para a orgânica se estabelecerá o individualismo. Deve haver um equilíbrio entre a consciência individual e o coletivo para se alcançar a consciência coletiva das sociedades modernas. Durkheim afirma que o certo e o errado, o bem e o mal são ideias que se formam na consciência coletiva e não na individual.

A moral e o direito são determinantes no estabelecimento de regras regulamentadoras da sociedade complexa.


Durkheim acredita que a divisão do trabalho é a realização da felicidade entre as pessoas, é o desejo de aumentar a produção coletiva; pensamento que contraria os contratualistas e economistas.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O uso da razão científica pelo Iluminismo

Apesar do uso da razão científica não ter respondido todos os problemas da humanidade, ele obteve o sucesso esperado pois influenciou vários pensadores e cientistas a formarem um cientificismo racional, onde deve-se duvidar das afirmativas e teorias que não forem comprovadas racionalmente através da observação, experiência e comprovação. Combateu com êxito o absolutismo, o mercantilismo, a influência da igreja e os privilégios de nascimento.

O movimento iluminista deixou herança até os dias atuais, sendo que o racionalismo continua presente em quase todas as ciências. Quando comprovado racionalmente que a tese de uma pessoa não condiz com a realidade observada, essa tese passa a ser desconsiderada, isso mesmo nas ciências sociais. O teocentrismo caiu por terra, e hoje temos muitos Estados laicos no Ocidente, onde há separação entre religião e Estado.

A burguesia foi a grande responsável pela implementação do pensamento iluminista. John Locke, considerado o pai do liberalismo político, criou os três pilares da base teórica do movimento político do iluminismo. Ele defendia que existiam três direitos que nenhum governante tem o direito de retirar: direito à vida, à liberdade e à propriedade. Caso o governante não respeitasse esses direitos, o povo poderia cometer desobediência civil e derrubar esse governante do poder.

A liberdade de expressão foi outro quesito que obteve sucesso. Essa herança do iluminismo permanece até os dias atuais e graças à ele, pode-se discutir vários temas, antes considerados tabus, e com isso evoluir no pensamento científico, trazendo várias soluções e descobertas para a humanidade.

Montesquieu criou o conceito de divisão de poderes dentro do Estado, que é adotado na atualidade pela maioria dos países democratas liberais, onde o Executivo é exercido pelo governante, o Legislativo pelos responsáveis por criair leis e o Judiciário pelos responsáveis por fiscalizar a obediência e cumprimento dessas leis. Deve existir entre esses três poderes um equilíbrio, autonomia e liberdade de um poder em relação ao outro.

Por último, na economia o iluminismo influenciou grandemente para o liberalismo. Essa sede de liberdade foi para o campo da economia e por terem aversão ao mercantilismo, criaram a idéia de liberdade total de comércio. Adam Smith foi um dos grandes economistas a dizer que o próprio mercado deve regulamentar a atividade econômica (a mão invisivel), estabelecendo o preço das mercadorias, custo da matéria prima, mão de obra e preço final dos produtos através da lei da oferta e da procura. Mesmo percebendo posteriormente que em devidos momentos (crises) o Estado deve intervir na economia, atualmente ainda existem muitos adptos do liberalismo econômico.