Na atualidade, onde o capitalismo de consumo desenfreado incentiva o individualismo, o pensar em sí vem em primeiro lugar; para muitas pessoas é o pensamento reinante. Dessa forma o raciocínio é fazer o que mais traga vantagem para o indivíduo. Para muitos, as paixões falam mais alto que a razão, e não poderia ser diferente com relação à justiça, ao bem comum. Poucos são os que levam em consideração a sociedade, que negam suas paixões em favor do grupo.
O mito do Anel de Giges, narrado por Glauco no mesmo episódio do diálogo com Sócrates, conta sobre um homem que na posse de um anel, encontrado na mão de um homem morto no deserto, poderia se tornar invisível aos outros homens quando o mexesse. Sendo assim, o mais rápido que pode, ele seduziu a rainha, confabulou com ela, atacou e matou o rei, tomando-lhe o trono. Para provar sua tese, Glauco citou que nenhum homem justo deixaria de trazer benefícios para sí possuindo essa condição de superpoder. Glauco finaliza com sua máxima de que o homem só pode ser justo por imposição, já que a injustiça traz mais vantagens para o indivíduo (quando não há punição).
O filósofo inglês Thomas Hobbes, que viveu no século XVII, preocupado em ser realista na sua teoria política, desmentiu Aristóteles, dizendo que não somos animais políticos. Afirmou que a natureza humana é belicosa, que o Estado é criação do homem e é artificial, e que a autoridade do governante é consequência do pacto social que é feito entre os homens. Esse pacto é realizado no intuito de se viver em harmonia e paz na sociedade. Hobbes cita que o Estado serve para reprimir e conter as paixões dos homens, já que a noção de bom e de ruim é subjetiva. O pensador reitera que estando os homens em estado de natureza (fora da sociedade), existiria uma guerra constante de todos contra todos, onde todos viveriam em igualdade, disputandoas mesmas coisas, sem regras, sem uma justiça comum, mantendo sempre desconfiança um do outro.
Hobbes acreditava que as paixões influenciam e muito as pessoas no estado civil, principalmente o medo da morte e a esperança em uma vida confortável. Inclusive ele cita que o pacto social precisa da "espada" para poder ser respeitado. Hobbes assim como Glauco acreditam que a justiça deve ser imposta aos seres humanos, para que funcione. É o interesse individual, ou seja, o medo da punição, trabalhando em prol da coletividade, que seria a justiça.
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