terça-feira, 23 de junho de 2015

O vizinho estranho

Rafael era um rapaz diferente dos demais, ele gostava de fazer história na vida, viver aventuras, explorar lugares desconhecidos, gostava de se arriscar, conhecer pessoas e ao mesmo tempo preferia a solidão, fato que se consolidou quando finalmente foi morar no mato a primeira vez. O sul do Pará foi de grande aprendizado e também de desafio para aquele moço, mas agora, um pouco mais maduro, preferia gozar daquela vista das montanhas mineiras. Afinal, mosquito é mesmo o diabo.

Comprou uma pequena propriedade, e planejou construir sua casa. E enquanto isso, mantinha uma relação ítima com sua vizinha de sítio. Amizades também foram consolidadas na redondeza. Era conhecido por poucos. Quase ninguém conhecia-o por nome. Era decente, se dava ao respeito.

Além dos afazeres de sítio, sobrava-lhe tempo para vadiagens e devaneios. E em um belo dia de chuva, depois de já passados 5 dias chuvendo, cansado de ficar em casa, vestiu sua capa de chuva, do jeito que estava ( e estava só de cueca) pegou seu pifano e foi para o campo. Resolveu subir um morro e em cima de uma rocha, se soltar um pouco, relaxar.

Tocou seu pífano com muita empolgação e alegria em seu coração. Dançou, rebolou e gastou seu pulmão jovem até não poder mais. Chovia à cântaros. Os moradores da montanha temiam até uma tragédia.

Seu Zé, vizinho de sítio, saiu apressado pra acudir um casal que tinha um bebê e cuja casa ficou sem luz elétrica. Coitados, desprovidos do essencial. A galopes de cavalo descia o Seu Zé. E o que não foi sua surpresa ver seu vizinho, Sinhozinho Rafael, fazendo aquela estripulia toda, de noite, num temporal daquele.

Interior todo mundo se conhece, sabe da vida do outro e fofoca mesmo, sem um pingo de vergonha na cara. E foi o que aconteceu naquele dia, sobre o ocorrido na noite passada. O vilarejo conheceu e passou a comprimentar o mais novo morador da montanha, com um sorriso malicioso, de quem aceita mais um colega doido. Mas quem é normal?

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