Lendo sobre o Movimento Anarquista nos deparamos com uma
história muito interessante, a história de Nestor Machno e o Exército Negro.
Era tempo de revolução na Rússia (1917), os socialistas tentavam derrubar os
czares e acabar com o Império Russo. Dentro do grupo dos socialistas havia os
bolcheviques, os trotskistas e os anarquistas, que agiam juntos contra o Exército
Branco (exército imperial) e resistiam no território que seria no futuro a
União Soviética.
Machno foi um dos comandantes do exército anárquico que
botou para correr tanto o Exército Branco, como o Exército Vermelho
(bolcheviques). O grande inimigo era o império, porém Machno desconfiava de
Lenin e dos bolcheviques, pois a revolução era recente e ele não se agradava da
organização dos comunistas que tinham sede de poder e buscavam uma ditadura do
proletariado à sua maneira.
O Anarquismo teve raízes em algumas personalidades como
Bakunin, Proudhon, Malatesta, Kropotkin e Emma Goldman. É um movimento anti-autoritário,
contra a hierarquia, estado e concentração do poder. Já na I Internacional (Associação
Internacional dos Trabalhadores (AIT), também conhecida como Primeira Internacional, foi uma
organização internacional fundada em setembro de 1864. A primeira organização operária a superar
fronteiras nacionais, reunindo
membros de todos os países da Europa e também dos Estados Unidos) houve grande representatividade
anarquista e debates acalorados com Marx. Um dos desentendimentos de Bakunin
com Marx era que o primeiro discordava do direito à herança.
Revoltados e buscando uma autogestão onde não houvesse
autoritarismo, os anarquistas da Ucrânia invadiram terras de ricos, distribuíram
aos pobres e implantaram um governo onde todos participavam, onde todos
trabalhavam, plantavam e colhiam. A terra era de todos e não havia chefe. Organizavam-se
em Sovietes onde tomavam decisões políticas e administrativas conjuntamente
sobre a sua comunidade.
Machno chama a atenção pelo apoio que teve da população,
sendo jovem teve a audácia de enfrentar os bolcheviques e imperialistas e
exigir independência organizativa perante os vermelhos. Escapou da morte
algumas vezes e foi respeitado por Lenin e Trotsk. Durante três anos vingou a
iniciativa machnovista e a Ucrânia viveu pela primeira vez na história à
plenitude dos princípios do comunismo libertário, onde nenhuma autoridade
externa teve poder ali.
Planejaram escolas de acordo com os métodos de Francisco
Ferrer, um educador espanhol anarquista. Tinha como base a espontaneidade e a independência
entre os alunos. Cada comuna possuía uma média de 300 pessoas. O Exército
Insurgente chegou a ter 50 mil homens. Machno via no campo e na vida simples a
única via para o anarquismo alcançar sua realização.
Trotsk foi canalha com os Insurgentes e armou ciladas para
matar seus representantes e depois perseguir a população que não concordasse
com ele. Machno conseguiu fugir para Paris onde morreu anos depois. Porém
deixou, sem sombra de dúvidas, uma esperança para todos aqueles que acreditam
que podemos viver felizes e com abundância sem o autoritarismo.
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