quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Carlos Castañeda: o mito


O antropólogo mais famoso dos anos 1960 é indispensável na leitura de todo aquele que se diz alternativo e de vanguarda, mente aberta e evoluída. Castañeda fez seu PhD na Universidade da Califórnia (UCLA) e sua tese defendida com êxito se transformou em um livro: “A Erva do Diabo (do original em inglês: The Teachings of Don Juan).
A saga de Castañeda com Don Juan, o mestre feiticeiro (brujo) se extende em 5 livros sendo eles: A Erva do Diabo, Uma estranha realidade, Viagem a Ixtlan, O segundo círculo do poder e Porta para o infinito. Nesses livros Carlos narra a experiência de pesquisa (etnografia) e aprendizado com um indío Yaqui no México, onde eles passam cinco anos juntos na condição de mestre e aluno. No princípio Castañeda só estava interessado no uso do Peyote, da datura e de certos cogumelos entre os yaquis. Essas e outras plantas alucinógenas abriram para o autor as portas da percepção, o iniciaram na conscientização e domínio da realidade extraordinária, que foge dos limites e conceitos da civilização ocidental. Daí ele passa a viver uma jornada espiritual, estranha e às vezes apavorante, cheia de visões, percepções extra-sensoriais; jornada esta que um homem deve empreender para tornar-se um “homem de conhecimento”.
Carlos e Don Juan partilharam de experiências psicodélicas e alucinógenas com plantas, usadas em rituais indígenas. Em uma dessas experiências Castañeda fez uma previsão de futuro, onde ele vê uma ladra de livros. Essa experiência ajudou a UCLA a resolver o mistério do roubo, fato registrado como verídico. Carlos aos poucos vai se desapegando dos conceitos de vida e mundo ocidental e vai entrando de cabeça no mundo da feitiçaria, realizando ao fim grandes prodígios como levitar, se transformar em pássaro, teletransportar-se, entre outros. Ele aprende a comer e até mesmo andar de forma diferente, mais eficiente.
Em seus últimos livros Castañeda narra experiências com outros bruxos e bruxas, onde compartilham de conhecimentos e ideias similares. Ele trabalha a ideia original de Nagual e Tonal (as duas dimensões que influenciam a vida do homem). As formas de enxergar e lidar com o “Aliado” também são exploradas.
Anos depois da coleção de livros, Castañeda faz carreira em Los Angeles como professor de danças xamânicas, danças energizantes que aprendeu com Don Juan. Casa-se com uma filha adotiva bem mais nova que ele e outra discípula dele, conhecidas carinhosamente com “irmãzinhas”. Dizem que quando Carlos morreu, suas duas mulheres e discípulas se mataram, por não terem mais alegria em viver sem ele. Sua ex-esposa (mãe do filho dele) e eterna apaixonada, chora sua morte.
Castañeda ficou milionário logo com o lançamento de seu primeiro livro em 1968, ano em que o movimento hippie se alastrava pelos Estados Unidos e mundo. Muitos leitores cruzavam a fronteira com o México procurando Don Juan, ou alguma experiência parecida com xamanismo e plantas alucinógenas, já que estavam desacreditados de toda a estrutura da civilização ocidental que já provava ser fracassada.
Até que ponto estava Carlos Castañeda certo?

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