A viagem ocorreu ja faz um tempo: vivíamos em Maringá no ano de 2002 e estudávamos no IAP, um internato misto religioso. Conhecemos o filho do Cacique da tribo Carajá dos altos do rio Araguaia, o Hioló. Ele também tinha uma irmã que estudava conosco no internato,chamava-se Narúbia. O Hioló era um rapaz simpático que tinha amor pela tribo e pela cultura carajá e tinha vontade de se formar médico para ajudar sua tribo, além de ser cacique, como a cultura hereditária manda.
Era férias de junho e resolvemos passar uns dias na tribo. Para mim que saí de Campo Grande-MS foi uma viagem longa: quase 40 horas de viagem até o nordeste do Mato Grosso, divisa com Tocantins.
Os outros amigos Ricardo e Harvey vieram do nordeste brasileiro, cortando Brasil adentro com intenção de chegar a São Félix do Araguaia-MT. Chegaram a dormir na rodoviária de uma cidade interiorana do Tocantins.
Outra aventura interessante foi o fato de pagar dois mototaxis para atravessar uma mata através de uma picada que era apontada como estrada alternativa na época da seca, já que na época de chuvas ficava submersa. Os motoqueiros guardaram seus revolveres na cintura e tiveram que usar mais tarde matando jacarés na atravessia de um rio sem ponte.
Tive um companheiro de poltronas que me contou histórias variadas sobre a região, casos com adolescentes, era um gaúcho que vinha do sul pra passar uns tempos pela região.
Chegando lá fiquei numa casa de uma senhora amiga do cacique Werreriá. No outro dia fui até a sede da Funai onde esperei até o momento que Hioló chegou e subimos o rio de voadeira. Mais de duas horas de viagem.
Aprendi a primeira lição aquele dia: índio não tem noção de tempo como os brancos. É manhã, tarde e noite. Não existe horas. E são bem tranquilos também.
João Werreriá morava numa vila próxima da tribo e sua família vivia numa casa boa. Fomos pescar, fomos na cidade andar a toa, passamos alguns dias na tribo, fomos pintados pelas índias.Pinturas com uma tintura natural de plantas do norte brasileiro.
Na pescaria, pude perceber como os índios não aceitavam pescar piranha: retiravam o anzol e jogavam o peixe de volta ao lago, onde além delas tinha jacarés e cobras. Assamos os peixes a moda indígena, na beira do lago numa fogueira sobre uma grelha improvisadas com gravetos retirados da mata que nos cercava. Um episódio interessante foi termos carregado nosso amigo Ricardo nas costas pela trilha até o lago e depois de volta até o rio Araguaia. Foi o "revesamento de ricardo". Ele tinha pulado no rio e foi justamente em cima de um barranco dentro do Araguaia, onde se machucou.
Conhecemos os locais (ribeirinhos da região), fomos em festas na beira do rio, eram os "festivais de praias" onde tinha música sertaneja e forró. Eu tinha aprendido a dançar forró a pouco tempo e já pude praticar com as mato grossenses.
A volta para o Sul do Brasil foi emocionante. Queríamos chegar em Maringá de carona. Fomos pra São Félix do Araguaia e nos dirigimos ao posto de gasolina para pedirmos carona aos viajantes. Pegamos carona com uma camioneta ate uma cidade a 200km dali. A BR não era asfaltada e o pó subia. Passamos por dentro de um rio porque a ponte tinha quebrado. Ficamos o dia inteiro parados num posto da cidade até que decidimos pegar um ônibus até a cidade maior mais próxima. Na viagem decidimos dormir e não descer em nosso destino andando uns 400km de graça. Ficamos umas 5 horas parados em Água Boa, tomamos banho num posto, almoçamos e pegamos um ônibus até Goiânia onde encontramos nosso amigo Serginho, que tinha estudado com a gente, e morado em nosso quarto no IAP. Ficamos na casa dele, conversamos bastante e nos dirigimos na manhã seguinte pra rodoviária onde pegamos um ônibus para Maringá. Chegamos em Maringá de madrugada e tivemos que dormir umas 4 horas lá pra poder pegar o ônibus para Floresta na manhã seguinte. E assim terminou nossa aventura.
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