segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Roberto e os políticos

Roberto sempre foi um homem comprometido com a justiça, com a retidão, com os ideais da boa convivência, da decência e da paz. Apesar de nem sempre a paz conseguir reinar à sua volta.

Nesse dia, Roberto teria que fotografar uma conferência de políticos em sua cidade. Juntou seus apetrechos de fotógrafo e partiu rumo ao trabalho, desejando-se sorte para aquela batalha que estava por vir.

Estavam reunidos prefeitos e vereadores da região, e engravatadamente quase todos discursaram e se exibiram. Todos sabiam que havia se instaurado uma crise na região. O trânsito estava caótico, o sistema de transporte público era de péssima qualidade e caro para a população. Haviam poucos horários, o que desanimava a população e incentivava muitos a comprar um carro. Era um complô com amigos donos de postos de gasolina e gente interessada em roubar muito dinheiro em pequenas obras, que praticamente não resolviam os inúmeros problemas. E aquela cena parecia à Roberto uma piada de muito mal gosto.

Alguns políticos exaltavam sua gestão, falando do quão capacitados eram para o cargo. Outros diziam revolucionar a cidade com seus projetos, tinha gente que até utilizava seu tempo pra falar bem do seu partido de direita, que não era mistério, possuía o maior número de canalhas da política brasileira.

Aquilo tudo foi irritando Roberto que sabia que as coisas não eram nem dez por cento daquilo. Ele sabia o quanto estavam distantes os movimentos sociais populares, que reivindicavam melhor qualidade de vida para a massa da população, desse pessoal endinheirado com verba pública, os dois grupos eram como inimigos. Roberto tinha a consciência da vergonha que era aquela reunião na atual conjuntura.

A gota d´água veio quando nosso fotógrafo, já puto, pediu para tirar foto de um coxinha. O político mal acostumado avisou que só posaria em fotos para as melhores mídias da cidade, desprezando nosso amigo. Foi aí em que em um só golpe Roberto arrancou sua cinta das calças e já acertou uma lapada naquele safado, houve uma segunda e uma terceira cintada, depois o ladrão saiu correndo e houve uma perseguição pelo teatro, com as pessoas horrorizadas vendo a cena do político corrupto tomando cintadas do cidadão comum, mas no fundo todos sentindo uma sensação pertubadora, para alguns, mas verdadeira, de justiça sendo realizada.

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