segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Libertinagem no MST

Num desses projetos universitários de intercâmbio, João Valente se inscreveu e esperava ansiosamente a oportunidade de conviver com um grupo do movimento social que mais admirava, o MST. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra estava lutando por adquirir respeito e credibilidade junto à população em 2014, principalmente com os Liberais. Era um movimento sério em sua maior parte e buscavam a igualdade social através da distribuição de terra improdutiva (geralmente de latifundiários) para a população desprovida de terra e que queria trabalhar na terra, produzindo. João contava os dias desde 8 meses atrás, quando se inscreveu. Como um marxista convicto começou a imaginar a revolução rural, a utopia da vida campestre. Filosofia social permeou sua mente por dias.
Valente queria ver o dia-a-dia daqueles trabalhadores, daquelas pessoas simples e maravilhosas. O dia chegou e ele pegou o ônibus, percorreu mais de 500 quilômetros, Brasil adentro, pequenas cidades que resistiam ao espírito selvagem do capitalismo, que enfeitavam suas ruas com flores, que conversavam demoradamente com seus vizinhos, que saiam de casa e despreocupadamente deixavam suas portas sem trancar. João Valente chegou na cidade, desceu do ônibus e foi se informar de como chegaria ao sítio. Descobriu que havia uma van do assentamento na cidade naquele momento, descarregando produtos artesanais. Foi ao encontro deles que o receberam com muito carinho.
Ao saírem rumo ao campo João Valente sentiu a energia mudar, o silêncio chegar, a paisagem melhorou: parecia que seus olhos lhe agradeciam a vista, vales verdes; seu olfato sentia a mata cheirosa, viva. Quando chegou ao assentamento, sentiu o calor humano daquele grupo que o recebeu muito bem, com comidas produzidas por eles mesmos, com um espaço com cama, lençóis limpos, recebido como membro da família de um senhorzinho chamado Januário, que residia naquela casinha modesta, feita de madeira. Seu Januário era muito simples, criado na roça, foi tentar a vida na cidade na sua meia idade, mas foi só desilusão, sofrimento com o egoísmo que a cidade produz nos seres humanos que lá vivem, sem contar o ritmo frenético que as pessoas ignoram ser anormal.
Conviveu com eles por duas semanas, ajudando na roça, na capina, na colheita e todo tipo de trabalho realizado no meio rural. Conversava sobre o movimento, sobre o poder popular, sobre as assembleias e todo o sentimento de luta e amor ao movimento. Histórias de militantes notáveis, de situações duras e de alegria, tudo que um movimento social passa. De noite, tocavam modas no violão ao redor do fogão à lenha, foi muito agradável aqueles dias.
No mesmo período que João intercambiou no MST, outros rapazes e moças também tiveram a oportunidade daquele convívio. Valente conheceu um pessoal muito interessante, e entre eles duas garotas muito especiais e lindas. Belas e inteligentes, ele ficou apaixonado. Não demorou muito ele ficou com uma e com a outra. Elas sabiam, eram amigas. Mas isso não era problema para elas, não havia ciúmes entre elas.
Numa noite dessas João Valente agarrou Sabrina e depois de uns bons amassos, ela deu a ideia de irem pro quarto da casa, onde João dormia. Ele tentou tirar essa ideia da cabeça dela, porém não havia onde ir, e eles queriam muito consumir o ato. Não teve jeito, foi ali mesmo, com a família de Seu Januário do outro lado daquela parede fina de madeira. Todos ouviram os uivos de gozo do casal naquela noite silenciosa.
Abalado mas não derrotado psicologicamente, o casal seguiu suas tarefas e mais a noite foi a vez de Ritinha provocar João com uma pegada certeira. Com a mão cheia, Ritinha pediu pra João penetrá-la, ali mesmo, atrás das moitas, ninguém estava vendo. Ele não se conteve e mandou ver! Quando para sua surpresa, a esposa de Seu Januário, a dona Avelina viu com muito espanto aquela cena. Haja amor ao movimento!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Transando e o espírito encostando

Celso e Manú se conheceram na balada, gostavam de raves, músicas eletrônicas, tomavam LSD, êxtase, entre uma dose de vodca e outra. Como solteiros eles levavam uma vida frenética, muito agitada, com muito extravaso. Se conheceram assim, e assim decidiram ficar, estabeleceram uma parceria e não havia mentira entre eles, não havia hipocrisia, continuaram a fazer as mesmas coisas juntos. Uma vez chegaram a ir numa zona, e ambos transaram com uma garota de programa; uma vida bem livre de preconceitos. Se amaram, e de tanto amor, não conseguiam se desgrudar mais, e assim casaram. Fizeram cerimônia e tudo.
Com os anos, todo relacionamento se transforma, as pessoas se transformam, e aí surgem os conflitos. Celso passou a estudar símbolos, política, teorias da conspiração, e junto com ideias religiosas que ele tirou de sua própria cabeça, com influências cristãs e evangélicas nutridas pela família, criou suas próprias teorias. Teorias que pra ele eram leis, eram a verdade absoluta, incontestáveis. E criou-se um fanatismo religioso dele com suas próprias ideias. Manú estranhou aquilo, mas ela achou que aquela seria apenas uma de suas muitas loucuras, e que logo ele desistiria daquele pensamento. Além de ele não esquecer aquela história toda, resolveu puxar sua esposa pro buraco, e passou a pegar no pé dela, proibiu droga, bebida, balada, tudo o que ela gostava. Dizia que ela deveria buscar Deus, ser uma esposa mais dedicada, pois se continuassem naquele caminho os bons laços de família não iriam se concretizar.
Que a liberdade seja defendida e Celso tinha todo o direito de acreditar no que quisesse, afinal, todo mundo acredita em alguma coisa, mesmo que essa coisa seja não acreditar em nenhuma coisa. O problema aqui está na relação humana, relação de dominação, que nem sempre é algo consciente, nem algo com fundo de maldade. Ele gostaria de que ele e sua família acreditassem em Deus e o buscassem da mesma maneira, formando um grupo unido física e espiritualmente. Ele pensava: se termos filhos, o que lhes ensinaremos? Como os educaremos?
A verdade é que o casal começava a ter cada vez mais discórdias. Manú adorava tomar uma cervejinha depois de um dia exaustivo de trabalho e fumar um cigarrinho. Nada demais, sem extrapolar. E isso era motivo pra preocupação, pra tensão. As vezes ela fazia isso escondido, e logo depois se arrependia pensando: que absurdo eu tomar uma cervejinha de leve escondida do meu marido, parece até que eu o estou traindo. E no discurso de Celso era como se fosse traição mesmo.
Depois de uma boa discussão, vinha os pedidos de desculpa, as juras de amor e fatalmente o sexo. O sexo conciliativo tem um sabor especial, sabor de renovação de votos. E nesse calor de emoções e prazeres físicos eles partiram para um papai e mamãe apaixonado. Com voracidade e virilidade Celso assumiu seu posto por cima de Manú e depois de uma meia dúzia de estocadas sentiu algo estranho e disse pra Manú, com aparência desanimada e ao mesmo tempo alucinada: Amor, eu to sentindo algo estranho, acho que to ficando possuído. Manú perplexa pergunta: o que? Que você disse? Ele repete e completa: Acho que tem um espírito encostando em mim, tem um demônio querendo encostar em mim! Broxura instantânea. Manú ficou puta e ao mesmo tempo tinha vontade de rir. Por sua cabeça passou uma cena hilária: um triângulo amoroso deles com a tal entidade. Hilário, porém broxante.