terça-feira, 9 de agosto de 2016

O orgasmo na bicicleta

O desejo pela movimentação, pela atividade física é algo instintivo, um sentimento que nasce dentro de nós como um comichão, que se não for saciado vira tédio, desgosto, depressão.
Carla não podia perder uma tarde ou uma manhã sem ir pedalar, gastar energia. Ela adorava curtir a brisa do dia, sentir o cheiro do café da tarde na casa das pessoas,  o cheiro das flores e plantas no caminho. Uma vez ou outra parar em frente ao mar e poder contemplá-lo. Era sempre uma alegria cada passeio diário.
Carla era tímida, falava pouco, mas possuía um sorriso meigo que cativava a todos. Tinha 25 anos mas parecia ter 17. Era jovial em todos os sentidos. Era destemida frente às aventuras, gostava da natureza e nunca se sentia em perigo quando estava dentro da floresta. Tocava serpentes e aranhas peçonhentas sem medo da morte.
No cotidiano, Carla trabalhava em uma loja de produtos naturais, era discreta ao se vestir e se portar. Adorava ler, pesquisar e trocar idéias cabeça com amigos. Ela namorava um rapaz interessante, filósofo e sociólogo, que vivia o mundo das idéias e também a vida real. Não era um galã de cinema, mas sua compania fazia ela se sentir tranqüila, em paz, amada e segura. Ela não entendia como algumas amigas suas conseguiam namorar homens bonitos, mas vazios por dentro.
Um belo sábado ensolarado e quente, Carlinha saiu pra dar uma volta de bicicleta, como mandava o costume. Muitas vezes ela já tinha sentido uma coceirinha na linguetinha enquanto andava com sua amada bike, mas naquele dia parecia que a sua bicicleta queria deixá-la louca. Algumas trepidações a fizeram suar e foi aí que ela decidiu ir para casa. Era um caminho de quinze minutos, e ela já achava que não iria agüentar. Crianças por toda parte, inocentes nem precebiam o que ocurria com ela. Senhoras idosas aproveitavam a brisa no parque arborizado. E a nossa protagonista daquele jeito. Andou mais um pouco e não resistiu. Gozou, de maneira natural, e era como se voasse. Uma loucura.

Depois houve uma reflexão: havia ela traído seu companheiro com a sua bicicleta? Era isso possível? 

Nenhum comentário: