Laura era uma mulher independente, trabalhava em um salão de
beleza e corria atrás do seu pão com vontade e coragem. Tinha separado do
antigo marido havia poucos anos e sentia-se leve, solta, desobrigada de
qualquer coisa. Cansou das manias e da vida boêmia do ex. Vinte e cinco anos
casada aturando os mesmos defeitos não é pra qualquer um. Os defeitos no início
parecem inofensivos, são quase imperceptíveis, porém depois vão se agravando, a
paciência vai terminando, a raiva aumentando, até que se perde a paz. Coisa de
humano.
Depois dos longos anos de casada, se transformou em
conservadora. As pessoas se acostumam com coisas ruins também. E a pressão
social, as companhias acabam influenciando de forma assustadora. Mesmo sendo de
essência rebelde, passou a aceitar posturas e comportamentos repressores e
opressores. Talvez ela nunca tenha pensado sobre isso, ou quem sabe travou muitas
guerras consigo mesma e cansada, resolveu adiar a mudança que, diga-se de
passagem, é muito dolorida.
Gostava de viajar,
conhecer outras culturas, ver se o Brasil era ruim mesmo como as pessoas
diziam. Viajou para alguns lugares da
América do Sul e se encantou com a cultura latina americana. As músicas, a
culinária, o povo. O sangue latino ferve, as pessoas interagem, são calorosas,
amorosas, nervosas. Aquela beleza lhe
brilhava os olhos. Nunca se cansaria de peregrinar por esse continente
abençoado.
E quando foi para o Peru, conheceu dentre outras pessoas o surinamês
e também mochileiro Bruno Amoida. Era
negro, alto e professor de educação física em seu país. Gostava de caminhar
longos trechos apreciando a natureza, acompanhado de seu cão. Sonhava em dar a
volta ao mundo. A amizade ficou colorida
e foi na intimidade que Laura descobriu o segredo de Bruno.
Primeiro ela achou que era uma forma de conquista, para
agradar ela. Depois desconfiou que era algo da cultura dele. Achava diferente. Bruno era muito interessado
na sexologia. Tinha coleções de livros sobre o assunto, utilizava anel peniano
e outros acessórios sexuais. Laura ficou espantada com tudo aquilo, mas era
preciso viver, se libertar, experimentar novas coisas, se permitir. E foi nesse
terreno fértil que Bruno plantou sua mandioca.
No início era muito bacana, eles passavam o final de semana
juntos, se “internavam” em casa onde namoravam sem pressa. Até que um dia
depois de quatro horas tomando madeirada, já com os corpos encharcados de suor,
cama molhada, a casa cheirando sexo, dor de cabeça ela se cansou e dando um
basta, levantou, colocou suas roupas e pediu para que ele se retirasse que ela
já não agüentava mais, estava assada, debilitada.
Bruno acatou ao pedido, mesmo sem entender
direito o que se passava. Ela disse que não queria mais aquela vida, que os
amigos já até zombavam dela. Estava cansada. E assim terminou o par romântico Bruno e a Moída.
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