Em uma de minhas viagens malucas sem destino certo, apenas com prazo para terminar e limite financeiro, me encontrei com RG no interior de SP e partimos para o desconhecido, quando decidimos seguir rumo ao sul de Minas Gerais. Ja tínhamos ouvido falar da concentração de pessoas alternativas na região, que foi povoada por ufólogos, hippies e homens do campo em geral. O cantor Ventania, que tinha aparecido em mídias poderosas, vinha fazendo "propaganda" da região em suas canções. Pude apreciar um de seus shows em Campo Grande.
Primeiro conhecemos a cidade de Varginha, que se encontra próximo, e que vivenciou histórias misteriosas sobre extra-terrestres poucos anos atrás. Depois passamos por Três Corações, cidade onde nasceu Pelé. De Três Corações fomos para São Tomé das Letras, por uma estradinha simples e estreita, cheia de curvas acentuadas e que apenas levava à São Tomé. Quando entramos nessa estrada, no início da noite, ja sentimos uma energia diferente, não sei explicar direito como era, mas que havia "algo poderoso" por ali. No momento haviam trovões no alto da cidade que se localiza em cima de uma grande pedra branca. Não chovia onde estávamos, as nuvens encobriam a cidade que se encontrava no alto. Um ar misterioso pairava no ar.
Eu e RG íamos conversando sobre isso no caminho. Chegamos lá e a cidade era pequena, havia 6 mil habitantes morando lá. Não havia banco na cidade, somente loteria. As ruas eram de pedra, em algumas ruelas o chão era a própria pedra que ficava abaixo da cidade. Havia muitas casas feitas daquela pedra, que chamavam de pedra-de-são-tomé. Uma arquitetura diferente. Subidas íngremes que levavam ao topo da montanha, onde havia um mirante para os vales que rodeavam a cidade. Dormimos numa pousada um tanto diferente, com desenhos de magos e bruxas. Os quartos se encontravam ao fundo de uma casa. O dono era um tipo esquisito, que pouco saía de casa. As nuvens passavam pela cidade, formando uma forte neblina pelas ruas. Um ambiente sinistro diriam muitos.
No outro dia andamos pela cidade, fizemos compras, e depois fomos pra Três Corações, arrumar o carro, trocar de pneu e por gasolina. Voltamos e no caminho vínhamos conversando sobre cogumelos, quando derrepente encontramos um rasta caminhando pela estrada rumo a São Tomé, quando decidimos dar carona. Era nada mais nada menos que o Elsom, conhecido como Elsão, baterista do Ventania. E adivinha o que ele tinha colhido pelo caminho?
Ele nos apresentou várias pessoas dentre eles: Spaga e Flávio. Com quem depois moramos por alguns dias, alugando uma casa ao fundo da deles. Todos eram artesãos.
Eles nos apresentaram pessoas distintas, lugares bacanas, como cachoeiras, rios, sítios. Ficamos alguns dias no sítio do Spaga, onde havia uma bela casa ao modelo hippie, sem luz, mas bem estruturada.
Elsão se tornou um grande amigo, e nos contou várias histórias sobre o local, sobre as pessoas, sobre a realidade não comum. Pude ouvir bandas locais, conhecer bruxas e fadas.
90% dos habitantes dessa cidade eram "loucos". Até mesmo quem ja não era mais, havia um dia sido. Essa vida de loucura começava muito cedo na vida de seus habitantes, simples e muito simpáticos.
Comprei artigos e roupas típicas, experimentei comidas suculentas mineiras que não decepcionaram minhas expectativas.
Enfim, foram 20 dias de experiências muito importantes naquele momento de transição na minha vida.
Recomendo como destino brasileiro obrigatório para as pessoas alternativas.
Termino com uma frase de uma música da banda "Derivados da Natureza" e que exprime minha impressão: Vêm ver... como tá bonito em São Tomé!! Vêm vêe!!...
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