Os Azande são uma
tribo africana que foi estudada pelo antropólogo Evans-Pritchard em
fins da década de 1920. Ele focou sua etnografia na bruxaria,
adivinhação, magia e o uso de plantas alucinógenas entre esse
povo.
A noção de bruxaria
entre os Azande é mais ligada ao medo de pessoas poderosas, e de
adivinhos que supostamente desejariam seu mal, lançando uma bruxaria
para essa pessoa ou familiares, no Brasil também conhecido como “mal
olhado”. Os infortúnios que ocorrem entre eles geralmente são
ligados à essas palavra. E são acusados os ditos bruxos, que são
julgados pelos oráculos através do uso de “benge”, um veneno em
que as chances das aves que o ingeriram sobreviverem ou morrerem é
de 50 por cento. Ou seja, se a ave morre o acusado pode ser ou não
bruxo “de fato”. Antes da invasão branca o oráculo de veneno
foi utilizado pelo príncipe da nação Zande em homens, aos poucos
foi transferida essa responsabilidade para as aves. Muitas outras
decisões importantes na comunidade são tomadas através da consulta
aos oráculos.
Os Azande afirmam que
todo bruxo tem uma “substância bruxaria” junto ao seu intestino,
e quando matam o bruxo, eles tem que abrir o morto e mostrar a
substância para provar a veracidade da acusação.
Interessante notar que
Evans-Pritchard teve uma experiência real com a bruxaria. Ele saiu
de sua cabana e foi no mato urinar e viu a bruxaria. Como os azande
descrevem-na ela é como uma luz que sai do bruxo e vai até a pessoa
afetada. Ele relata em sua obra, que viu com seus próprios olhos a
bruxaria aquela noite.
Os azandes utilizam
plantas alucinógenas em suas magias para variados fins, geralmente
eles pedem para as plantas intercederem por eles com relação às
forças da natureza (ex. para evitar que a chuva caia), à
agricultura (ex. fecundidade de plantas alimentícias), à caça,
pesca e coleta (ex. Benzer armadilhas e laços), à artes e ofícios
(ex. Fundição de metal), aos poderes místicos (ex. Contra bruxos e
feiticeiros), à atividades sociais (ex. obter esposa) e à doença
(cada doença possui uma planta apropriada ao seu tratamento).
Muito interessante o
relato de acompanhamento de um treinamento de um noviço na arte da
adivinhação.
Existe algo neste livro
de similar aos relatos de Carlos Castañeda na sua experiência com o
feiticeiro Yaqui, Dom Juan. Favret Saada descreve esse tipo de
etnografia como “ser afetado” pela cultura do povo estudado.
Vivenciar e sentir o que eles sentem.
Seria tudo uma questão
psicológica? A realidade, apenas um momento, num determinado local
com determinadas pessoas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário