Para Viana (2006), a sociologia no Brasil e na América
Latina passou por quatro momentos distintos.
1º )Essa fase se estendeu até 1930. A sociologia brasileira
teve seu início com os chamados “pensadores sociais” que somente reproduziam as
teorias sociológicas europeias. Não havia elaboração de teoria sociológica
brasileira. Nesse período havia incongruência no pensamento sociológico
brasileiro, pois os métodos sociológicos não se aplicavam a realidade da
sociedade brasileira. Não se pode olhar a partir de um contexto para
interpretar outro. Em 1920 a sociologia começou a ser lecionada vinculada aos
cursos de direito e economia, mas ainda não tinha autonomia.
2º )Ocorreu entre 1930 e 1945. Foi o período de
institucionalização da sociologia, onde foi inaugurada a Escola Livre de
Sociologia e Política. Houve também a fundação da Sociedade de Sociologia de
São Paulo. Surgiram os primeiros livros didáticos de sociologia escritos por
Arthur Ramos , Delgado de Carvalho, Fernando de Azevedo e Carneiro Leão.
Traduziram “As regras do método sociológico” de Durkheim. Alguns intelectuais
estrangeiros como Roger Bastide, Jacques Lambert, Levi Strauss vieram para o
Brasil, ajudar nesse processo de institucionalização. Nas décadas de 1920 e
1930, os sociólogos buscaram o entendimento da formação da sociedade
brasileira. Gilberto Freyre com a obra “Casa Grande e Senzala” de 1933, Sérgio
Buarque de Holanda com “Raizes do Brasil” de 1936 e Caio Prado Junior com seu
livro “Formação do Brasil Contemporâneo” de 1942, analisaram temas como
abolição da escravatura, índios em solo nacional, urbanização, migração,
analfabetismo e pobreza.
3º) Tem início em
1945, e é o momento da consolidação da sociologia no Brasil. Os pesquisadores
começam a usar técnicas próprias para o estudo da sociedade, embora o
referencial teórico ainda seja influenciado pelas tendências europeias e
norte-americanas. Nessa época, surgem obras importantes da sociologia
brasileira: “A revolução brasileira”, de Caio Prado Júnior; “Sociedade de
classes e subdesenvolvimento”, de Florestan Fernandes; “ Industrialização e
atitudes operárias”, de Leôncio Martins Rodrigues; “Brancos e negros em São
Paulo”, de Florestan Fernandes e Roger Bastide.
4º) Nessa etapa a sociologia se desenvolve mais e passa a
abordar temas mais complexos da sociedade brasileira. Apesar do governo militar
ter reprimido a sociologia, retirando a disciplina do currículo das escolas de
segundo grau, e perseguindo professores universitários, como Florestan
Fernandes, a sociologia resistiu e atualmente faz parte do currículo do ensino
médio, e expandiu mais suas influências tanto na academia como no setor público
e privado brasileiro.