Nasceu em 1920 na cidade de São Paulo o sociólogo Florestan
Fernandes, filho de mãe solteira analfabeta, não conheceu o pai. Em 1941,
ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo, onde veio a se formar em ciências sociais. Iniciou sua carreira
docente em 1945 na própria USP. Em 1986 foi eleito deputado constituinte pelo
Partido dos Trabalhadores, sendo grande defensor da educação pública e
gratuita. Morre em 1995 com problemas hepáticos.
Em 1964, Florestan apresenta uma tese para o concurso da
cátedra de sociologia na USP, intitulada como "A integração do negro na
sociedade de classes". Nessa obra, ele escreve sobre a situação do negro
comparada com o imigrante em São Paulo, onde o imigrante teve relativa
aceitação e sucesso em sua incursão, já que vinham de países europeus modernos,
onde já haviam se familiarizado com o sistema capitalista moderno de mercado. O
negro por outro lado, recentemente abandonara o posto de escravo, mantido
durante quatro séculos, e pouco acostumando com o novo ritmo e novas regras de
trabalho, foi deixado de lado.
Segundo o sociólogo, o grande número de imigrantes que
chegaram à capital paulista, representou um impacto demográfico e econômico que
gerou desigualdades na estrutura social. A disputa do imigrante, que vinha
habituado com o trabalho urbano e industrial, com o negro, fez com que o
afrodescendente fosse deslocado para os setores menos favorecidos, ficando a
cargo de trabalhos mais pesados e com menor remuneração.
Fernandes diz também que o negro teve dificuldades em se
adaptar com o novo ritmo de trabalho. Eles recusavam certas tarefas e serviços,
eram inconstantes na frequência ao trabalho, eles alternavam períodos de
trabalho com fases mais ou menos longas de ócio. Situação de adaptação do negro
com o trabalho livre, que por não possuir tempo hábil para se adequar ao novo
sistema, foi tachado como "deficiências do negro".
Florestan também cita o problema da constituição familiar do
negro, já que na sociedade de classes, a família sempre serve, direta ou indiretamente,
de base à rápida ascensão econômica, social e política. E considera que outros
grupos, definidos por ele como rústicos, também foram excluídos do processo de
mudança socioeconômica brasileira.
O autor finaliza criticando a sociedade brasileira, por ter
deixado os negros fazerem "justiça com as próprias mãos" ao invés de
inseri-los, condenando o país ao insucesso das tentativas de democratização da
sociedade.
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