segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A integração do negro na sociedade de classes no Brasil.

Nasceu em 1920 na cidade de São Paulo o sociólogo Florestan Fernandes, filho de mãe solteira analfabeta, não conheceu o pai. Em 1941, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde veio a se formar em ciências sociais. Iniciou sua carreira docente em 1945 na própria USP. Em 1986 foi eleito deputado constituinte pelo Partido dos Trabalhadores, sendo grande defensor da educação pública e gratuita. Morre em 1995 com problemas hepáticos.
Em 1964, Florestan apresenta uma tese para o concurso da cátedra de sociologia na USP, intitulada como "A integração do negro na sociedade de classes". Nessa obra, ele escreve sobre a situação do negro comparada com o imigrante em São Paulo, onde o imigrante teve relativa aceitação e sucesso em sua incursão, já que vinham de países europeus modernos, onde já haviam se familiarizado com o sistema capitalista moderno de mercado. O negro por outro lado, recentemente abandonara o posto de escravo, mantido durante quatro séculos, e pouco acostumando com o novo ritmo e novas regras de trabalho, foi deixado de lado.
Segundo o sociólogo, o grande número de imigrantes que chegaram à capital paulista, representou um impacto demográfico e econômico que gerou desigualdades na estrutura social. A disputa do imigrante, que vinha habituado com o trabalho urbano e industrial, com o negro, fez com que o afrodescendente fosse deslocado para os setores menos favorecidos, ficando a cargo de trabalhos mais pesados e com menor remuneração.
Fernandes diz também que o negro teve dificuldades em se adaptar com o novo ritmo de trabalho. Eles recusavam certas tarefas e serviços, eram inconstantes na frequência ao trabalho, eles alternavam períodos de trabalho com fases mais ou menos longas de ócio. Situação de adaptação do negro com o trabalho livre, que por não possuir tempo hábil para se adequar ao novo sistema, foi tachado como "deficiências do negro".
Florestan também cita o problema da constituição familiar do negro, já que na sociedade de classes, a família sempre serve, direta ou indiretamente, de base à rápida ascensão econômica, social e política. E considera que outros grupos, definidos por ele como rústicos, também foram excluídos do processo de mudança socioeconômica brasileira.

O autor finaliza criticando a sociedade brasileira, por ter deixado os negros fazerem "justiça com as próprias mãos" ao invés de inseri-los, condenando o país ao insucesso das tentativas de democratização da sociedade. 

Nenhum comentário: