Quando falamos em
Tropicália não podemos deixar de citar Caetano Veloso, baiano
nascido em lar de classe média que se formou na Universidade Federal
da Bahia em filosofia e que recebeu o título de Doutor Honoris Causa
pela UFBA pela “grandiosidade de sua obra e sua renomada
sabedoria”.
A tropicália surgiu no
final da década de 1960 como crítica aos fracassados projetos
políticos e culturais do passado, foi também uma celebração
exuberante, apesar de muitas vezes irônica, da cultura brasileira e
suas contínuas permutações.
Roberto Schwarz foi o
primeiro crítico, trabalhando na tradição marxista, a apontar a
natureza alegórica da Tropicália, de forma a transmitir as
disjunções do desenvolvimento capitalista no Brasil.
Outros nomes do
movimento são: Augusto de Campos, Oswald de Andrade, Tom Zé,
Gilberto Gil, Maria Betânia, Gal Costa, Roberto Carlos, Chico
Buarque , Moraes Moreira, Luiz Galvão, Pepeu Gomes, Paulinho boca de
Cantor, Baby Consuelo, Raul Seixas .
Oswald de Andrade
escreveu o “Manifesto Pau-Brasil” (1924) , onde ele exortava os
colegas a criar uma “ poesia de exportação”, onde nossa
literatura não seria como as correntes lietrárias dos países
dominantes, mas também não as ignoraria. Escreveu também
“Manifesto Antropofágico” (1928), onde ele dá a ideia de
“devorar” de maneira crítica as manifestações culturais vindas
do exterior. Quarenta anos mais tarde, Caetano disse que a Tropicália
foi uma forma de “neo-antropofagismo”.
Gilberto Gil se graduou
em Administração de Empresas na UFBA e trabalhou na Gessy Lever do
Brasil. Do grupo baiano, ele era o mais envolvido com música de
protesto, e mais tarde com a contracultura.
Muitos brasileiros
naquela época associavam o rock ao imperialismo cultural dos Estados
Unidos e defendiam a MPB como expressão musical mais adequada da
modernidade brasileira.
A música brasileira
tem sido o ramo menos colonizado e mais africanizado da cultura
popular brasileira, além de ser a mais bem-sucedida em sua
disseminação não apenas no Brasil, mas também ao redor do mundo.
Fatos importantes da
Tropicália:
Fundação do
Centro Popular de Cultura (1962) sob a égide da União Nacional dos
Estudantes
O golpe de 1 de
abril de 1964 (regime militar autoritário e pró-capitalista)
A apresentação
do “som universal” transmitido pela televisão em 1967
O filme de Glauber
Rocha: Terra em transe (1967)
O filme Macunaíma
de Joaquim Pedro de Andrade
Os festivais de
música televisionados
O rei da vela de
Zé Celso
Seja marginal,
seja herói de Hélio Oiticica (1968)
Tributo a Che
Guevara em “Soy loco por tí, América”
Apresentação de
“É proibido proibir” de Caetano no FIC pela TV Globo (1968)
“Caminhando”
de Geraldo Vandré
Boicote ao III FIC
(TV Globo) e shows no Sucata
Prisão de Caetano
e Gil e exílio em Londres por 2 anos e meio (1968).
Gilberto Gil preso
em Florianópolis por porte de maconha.
O cineasta Luis Carlos
Barreto ao ouvir uma das composições sem título de Caetano em
1967, detectou afinidades com uma instalação chamada Tropicália,
do artista visual Hélio Oiticica. Daí surgiu o nome.
O papel do rádio e
início da televisão no Brasil ajudou muito na disseminação da
Tropicália.
Muitos dos artistas
envolvidos no movimento pensavam simultaneamente em progresso na
carreira, ativismo político e inovação formal.
As transformações
políticas e sociais só poderiam vir com uma mudança revolucionária
na mentalidade do povo, e a cultura popular seria o veículo para
essa luta.
Com o regime militar
nasceu a TV Globo e houve um desenvolvimento muito grande na
tecnologia da indústria de comunicação comparado ao
desenvolvimento social.
O regime militar
buscava representar o Brasil como um “jardim” pacífico, apesar
de ter suprimido brutalmente a oposição.
Os principais músicos
do rock brasileiro vinham de famílias de classe operária e poucos
tinham nível universitário.
Sartre escreveu: “ o
'verdadeiro intelectual' é aquele que resiste às algemas do
humanismo universalista burguês, reconhece a própria posição na
estrutura de classes e decide servir às classes exploradas,
ajudando-as a desenvolver um 'conhecimento prático do mundo para
mudá-lo'”.
Em 1968 Gil vestia
túnicas de cores vivas e jaquetas de couro (estilo Black Panther),
Caetano usava ternos de plástico futuristas, com gravatas primitivas
feitas de dentes de jacaré, Tom Zé e Gal usavam roupas que
lembravam os hippies de São Francisco.
No final do movimento,
os tropicalistas também começaram a adotar os movimentos
internacionais de contracultura. A Tropicália foi o principal ponto
de referência para a contracultura brasileira, no início dos anos
1970.
Os Novos Baianos
desenvolveram um som diferente, que foi descrito como “um encontro
do carnaval baiano com Woodstock”. Eles moravam em uma comunidade
alterntiva semi-rural no Rio de Janeiro.
O grupo Doces Bárbaros,
juntava a cosmologia do candomblé com a astrologia. Eles não tinham
interesse em discutir leis, moral, religião, política ou estética.
Buscavam irradiar “ uma imensa carga de luz de vida” em cada
cidade que “invadiam”.
A Tropicália ajudou
uma geração que atingiu a maturidade em tempos escuros, a definir
as prioridades políticas, culturais e sociais do Brasil.